BERNARDINHO E EU
Alguns de vocês já viram uma postagem anterior em que falo dele, mas para os que não o conhecem, Bernardinho é meu anjinho de 4 patas que completou 16 aninhos em outubro. Quando ele veio para casa (minha irmã quem o buscou, eu estava de plantão), eu não havia escolhido um nome até então, e minha opção foi ligar a televisão e decidir: o primeiro homem que aparecer, será o nome de meu cachorro. Adivinhem quem apareceu? Bernardinho do volley. Pronto! Nome decidido!
Acredito que durante a decisão reencarnatória, muitos compromissos são firmados e um dos meus, foi a decisão de cuidar de alminhas como a do Ber. Durante estes 16 anos meu dia a dia foi sempre lembrando que tenho esta “criança" na família e nestes últimos tempos, em que a atenção se faz necessária 24 horas por dia, por causa da idade avançada dele, não poderia se diferente! Ter um cachorro, não é ter um ursinho de pelúcia. Trata-se de um espírito em evolução que veio para Terra, assim como nós, conviver com outros espíritos para aprender.
Neste últimos dias Bernardo e eu temos vivido experiências inusitadas que tem me feito pensar um MUITAS coisas. Há algum tempo ele tem reclamado de ficar sozinho, mas recentemente esta intolerância à solidão agravou tanto que ele grita se ficar sequer UM MINUTO sozinho, não tolerando companhia de outras pessoas além de meus familiares. Compreensível ele agir assim, pois está com uma certa demência, cego e surdo; creio que busca segurança em nossa colo!
Minha vida VIROU DE CABEÇA PARA O AR!! Como fazer para trabalhar, ir para academia, tomar banho, ir ao centro espírita, ir à Bodas e Ouro dos sogros etc com o Bernardo a tira colo?Diversos locais não aceitam cachorro e isso é compreensível. Mas, como faço?
A princípio passei por aquele questionamento: por que isso está acontecendo comigo? Que aprendizado preciso ter? Eu tinha a opção de me afundar um uma crise de dúvidas, mas não, meu temperamento é de uma pessoa que se lamenta pouco e age mais. Foi quando, durante uma caminhada no parque, me veio à mente: tenho mais é que agradecer por trabalhar em uma clínica que me propicie a possibilidade de levá-lo comigo, diariamente. Acredito que reclamar e se lamentar só atrai mais do mesmo. Independente do problema, seja ele emocional, financeiro, de saúde etc; se ficarmos presos ao problema, atrairemos mais problemas e não enxergaremos a solução.
E foi o que fiz, rapidamente mudei meu padrão de pensamento e comecei a ser grata por ter a possibilidade de proporcionar este conforto a ele! E assim, as reflexões e os aprendizados vieram aos montes.
De terça-feira à noite faço um trabalho voluntário e para não abdicar deste valoroso momento, peço ajuda aos meus pais. E que trabalho eles tem! Meu pai tem que levá-lo da clínica para casa e minha mãe, além de dar carinho, tem que se preocupar em dar comida e água na boquinha pois ele não tem mais o discernimento de se alimentar sozinho. Meu irmão também já teve que "entrar na dança" e cuidar dele para mim. Minha família é sinônimo de segurança! São muito intensos e sempre ali, para TUDO! Mérito da criação que tivemos (meus irmãos e eu) de meus pais.
Outra reflexão pela qual passei nestes dias foi sobre a dedicação de mães com filhos especiais. Como pediatra, vivencio muitos casos, mas sentir na pele a abnegação dessas mães está sendo um tremendo aprendizado. Elas sabem que a doação incondicional será para o restos de suas vidas, não somente por alguns anos, e elas o fazem intensamente!
Parei para pensar também sobre a importância de um bom casamento. O quão rico é ter um marido de verdade ao meu lado. Há mais de 3 meses tenho dormido poucas horas por dia, o Ber acorda, percebe-se sozinho (apesar de não estar só) e grita! Então preciso levantar, ampará-lo, acalmá-lo, algumas vezes dar água, comida ou até mesmo um medicamento homeopático. E o que o Dú (Eduardo é o nome de meu marido) faz? Reveza comigo estas levantadas na madrugada. O Dú sempre teve cachorro, mas este elo que tenho com o Bernardo creio estar sendo um aprendizado novo para ele. Infelizmente, o que muitos maridos, que não são verdadeiros companheiros fariam - o problema não é deles, o cachorro é dela, ela que se vire! Lembro de um dia que o Ber acordou extremamente agitado, eu não consegui ir à academia, nem arrumar a casa. O tempo estava passando, chegando o horário de ir para o trabalho, eu já havia medicado-o, tinha dado comida, água, colo, carinho e ele continuava agitadíssimo! De repente entra o Eduardo em casa, tinha esquecido algo e passou para buscar. A princípio levei um susto com alguém entrando em casa sem avisar. Depois, quando eu o vi, comecei a chorar. Hoje rio de lembrar, mas a cena dele entrando em casa foi tão reconfortante, que desabei! Nem preciso terminar de contar a história, né? Claro que o Bernardo acalmou na mesma hora, dormiu e eu consegui seguir minha rotina!
No consultório, quantas mães se queixam da ausência do marido nos primeiros anos de vida dos filhos, quando as crianças acordam diversas vezes na madrugada! Dizem que a maternidade é um momento solitário. Bebes são filhos de pais, são aprendizado para os 2: papai e mamãe, não somente da mãe!
A homeopatia tem sido a nossa grande aliada e o Bernardo responde muito bem às gotinhas! O que a alopatia faria por nosso pequeno nesta situação? Sedaria-o o dia inteiro? E em casos mais extremos, com a "explicação" de amenizar o sofrimento, sacrificaria-o? Deus!!!
E claro, como trabalho com Medicina e Espiritualidade, não poderia deixar de buscar o amparo espiritual. Semanalmente vamos ao ASSEAMA, um centro espírita para animais. É incrível como o Bernardo acorda menos vezes, na noite em que toma o passe. Os nossos anjinhos de 4 patas são muito sensíveis não só ao ritmo da casa como também ao padrão espiritual! Atualmente, o Bernardo está ceguinho e surdindo mas, quando o Dú sai de casa para trabalhar ele solta uma lamentação. Ué, mas ele não ouve e não vê! Como ele sabe que o Dú saiu? Quando o Dú chega à noite o Bernardo acorda e levanta. Ué, mas ele não ouve e não vê?! Por isso repito, eles são sensíveis demais!
Muitos animais quando chegam a esta idade, são abandonados por seus donos, pois se faz necessário muita dedicação. Então, aos que estão lendo esta matéria e pensam em adotar um animalzinho, lembrem-se de que um dia eles envelhecerão! Sejam conscientes!
Meus dia-a-dia, nas últimas semanas, tem sido assim: Bernardo e eu - para lá e para cá. Nos momentos em que ele não está comigo, sinto um vazio! Não tem como negar, estes pequenos são anjinhos que vieram nos ensinar muitas coisas; vocês podem ver pelas minhas reflexões pessoais dos últimos dias. - missões encarnatórias, agradecer/ser grato/agradecer sempre tudo o que temos, o valor da família, a importância de um VERDADEIRO companheiro ao nosso lado em nossa longa jornada, a vida das mães de filhos especiais, a doação dos pais aos filhos, o indiscutível valor da homeopatia e da espiritualidade no caminho de cura, o abandono de animais que são vistos como ursinhos de pelúcia e não como seres em evolução. Agradeço demais pelo aprendizado que tive e estou tendo com o Bernardinho e, acima de tudo, sou grata por ele ter me ensinado o significado de amor incondicional!
Dra Soraya Cristina Sant’Ana
Homeopata
Pediatra
Endocrinologista Infantil
Também estou nas redes sociais: https://www.facebook.com/239063056629053/posts/607672706434751?sfns=mo